CORREIO DO POVO, 15 de Março de 2008 - “O delegado federal Gustavo Schneider, responsável pela Operação Rodin, afirmou ontem que parte do que foi desviado no esquema de corrupção no Detran gaúcho já está bloqueado. De acordo com ele, a Polícia Federal (PF) bloqueou os imóveis, carros e contas bancárias dos indiciados no inquérito policial. A estimativa da PF é que o total chegue a R$ 44 milhões. As propinas para os indiciados seriam, em média, de R$ 175 mil. Segundo Schneider, ocorreram, no mínimo, seis encontros do “núcleo dirigente”, composto pelos acusados, com os representantes das empresas sistemistas, como a Pensant, Rio del Sur e Newmark, que foram contratadas pela autarquia. Ao mês seriam repassados do erário público cerca de R$ 320 mil. Conforme o delegado há alternativas para conseguir o ressarcimento dos valores.
A estimativa é que os bancos apresentaram 30% do total calculado em operações bancárias feitas pelos suspeitos. “Sabemos que entre 2004 e 2006 pessoas vinculadas à Pensant sacaram, em dinheiro vivo, R$ 500 mil”, disse Schneider. O esquema começou a fracassar quando o dinheiro escasseou para os sistemistas. Schneider afirmou que, além de uma disputa para se beneficiar das propinas, haveria uma disputa interna para que um dos lobistas fosse descartado. O núcleo de tudo isto seria a empresa Pensant, onde foram encontrados, segundo Schneider, provas estarrecedoras.
Uma delas, seria relativa às pessoas que fizeram lobbie no “Pacto pelo RS”, pagas pela Pensant. Mas os proprietários desta empresa, junto com os que se beneficiariam, pretendiam expandir os negócios para outros estados.”
A fraude começou a ser desvendada em maio de 2007, quando a PF infestigava duas fundações ligadas a UFSM. A Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia (Fatec) e a Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Educacional e Cultural (Fundae).
O Superintendente da Polícia Federal Ildo Gasparetto “lembrou que que os contratos da Fatec, em 2003 e da Fundae, em 2007, foram firmados sem licitação”, pelo DETRAN-RS. Em 2003, o governador era Germano Rigotto, e o Secretário de Segurança era o hoje desaparecido Dep.José Otávio Germano (PP).
Em 2007, o “novíssimo jeito de governar” de Yeda Roratto Crusius (PSDB), como estamos percebendo, o Secretário de Segurança era o Dep.Bacci (PDT), que ao assumir com sua política do “lugar de bandido é na cadeia” passou a desencadear certo calafrio em algumas “pessoas de bem”.
O problema era se definir o que é e quais eram as pessoas de bem, uma questão de semântica. Alguns passaram a se achar mais pessoa de bem do que outros. Aí tudo desandou.
Sabemos agora que façam a putaria que fizerem, alguns, por pertencer a determinadas agremiações partidárias típicas de pessoas de bem, são dotadas de certo salvo conduto, na imprensa e na justiça dos homens destes pagos.
O Superintendente Ildo Gasparetto revelou também que “ as duas fundações terceirizavam os serviços prestados subcontratando empresas sistemistas, dando forma ao esquema que funcionava a partir da influência política de lobistas que obtinham contratos com o Detran para as fundações. O esquema ficou evidente quando a autarquia trocou a Fatec pela Fundae, em 2007. A PF comprovou a existência de disputa política entre sistemistas, pois manteve-se o elo com a Pensant Consultores, de José Fernandes, e foi excluído Lair Ferst.” Leia-se como briga de cachorro grande.
Lista dos indiciados pela Operação Rodin:
Alfredo Pinto Telles - Cunhado de Lair Ferst, sócio da Newmark Tecnologia
Antônio Dorneu Cardoso Maciel - Quando foi preso pela PF, era diretor da CEEE e tesoureiro-geral do PP. Seu flat na Capital serviria para a distribuição de propina. (ele era tesoureiro geral do PP no Estado e eminência parda que dominou os bastidores do partido e da política gaúcha durante 25 anos, com atuação intensa na Assembléia Legislativa, onde era tido como um deputado sem mandato – do portal VideVersus)
Carlos Dahlem da Rosa - Dono do escritório Carlos Rosa Advogados Associados, que prestava serviço de consultoria ao projeto e recebeu entre 2002 e 2006 R$ 4.146.626,67 da Fatec. Funcionário da CEEE, quando a Rodin foi desencadeada, descobriu-se que ele estava há oito meses recebendo salário da estatal sem comparecer ao trabalho
Carlos Ubiratan dos Santos - (Bira Vermelho - diretor administrativo do Trensurb ) Diretor-presidente do Detran entre 2003 e 2006. Em sua gestão o órgão fez convênio com a Fatec. É ligado ao deputado federal José Otávio Germano (PP). Poucos dias antes de sua prisão, Carlos Ubiratan dos Santos realizou uma festa de primeiro naipe, à qual compareceram figuras do primeiríssimo grau da política e dos negócios no Rio Grande do Sul, para a inauguração de seu fabuloso apartamento de cobertura na Avenida Dom Pedro II, em Porto Alegre, que tem uma quadra de futebol de salão, com grama verdadeira e goleiras no terraço (do portal VideVersus).
Damiana Machado de Almeida - Sócia da Pakt, empresa sistemista
Dario Trevisan de Almeida – Professor da UFSM, coordenador da Fatec e responsável pelos serviços ao Detran
Denise Nachtigall Luz - Mulher de Ferdinando Fernandes, sócia do escritório Nachtigall Advogados Associados, subcontratado pela Fatec
Eduardo Redlich João - laranja de Lair Ferst
Elci Terezinha Ferst - Irmã de Lair e sócia da Newmark Tecnologia da Informação, Logística Marketing
Ferdinando Francisco Fernandes - Sócio da Pensant e filho de José Fernandes
Fernando Fernandes - Filho de José Fernandes
Fernando Osvaldo de Oliveira Junior - Sócio da Pakt, empresa sistemista
Flávio Roberto Luiz Vaz Netto - Era diretor-presidente do Detran quando a Operação Rodin foi deflagrada. Foi preso pela PF e exonerado do cargo. É procurador do Estado aposentado (aposentado em tempo recorde). Foi em sua gestão que o Detran trocou, sem licitação, o contrato com a Fatec por outro com a Fundae. Foi indicado ao cargo pelo PP.
Francene Fernandes Cardoso - Filha de José Fernandes, dono da Pensant
Francisco José de Oliveira Fraga
Gilson Araújo de Araújo - Servidor do Detran, dono de empresa que era remunerada pela Pensant
Hélvio Debus de Oliveira Souza - Contador, prestava serviço para a Fundae
Hermínio Gomes Junior - Diretor do técnico do Detran, foi afastado no dia em que foi deflagrada a Operação Rodin. É ligado ao PMDB, especialmente ao secretário de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, Fernando Záchia. Teria sido indicado pelo partido ao cargo na autarquia
Ipojucan Seffrin Custódio - Dono de sistemista ligada à Pensant
José Antônio Fernandes - Sócio da Pensant Consultores, apontado como um dos mentores da fraude milionária
Lair Antônio Ferst - Empresário, ex-coordenadora da bancada do PSDB na Assembléia. Atuou como um dos coordenadores da campanha da governadora Yeda Crusius ao governo do Estado
Lenir Beatriz da Luz Fernandes - Mulher de José Fernandes
Luciana Balconi Carneiro - Funcionária da Fatec, é sócia da Pakt, subcontratada pela Fundae para prestar serviços ao Detran
Luiz Carlos de Pellegrini - Dirigia a Fatec quando a Rodin foi deflagrada
Luiz Gonzaga Isaía - Presidia a Fundae
Luiz Paulo Rosek Germano - (apelido “Buti”) Prestador de serviços do escritório Carlos Rosa Associados e irmão do deputado federal José Otávio Germano
Marco Aurélio da Rosa Trevizani - Contador de Lair Ferst
Marilei de Fátima Brandão Leal - Sócia da Pakt, empresa sistemista
Mario Jaime Gomes de Lima - Funcionário da Pensant
Nilza Terezinha Pereira - Dá nome à empresa NT Pereira, umas das sistemistas e que seria de fato de propriedade de Carlos Ubiratan dos Santos e de sua mulher, Patricia
Patricia Jonara Bado dos Santos - Mulher de Carlos Ubiratan dos Santos. Era administradora da NT Pereira, empresa parceira da Newmark Tecnologia, subcontratada para prestação de serviços ao Detran
Paulo Jorge Sarkis - Ex-reitor da UFSM
Pedro Luiz Saraiva Azevedo - Cunhado de Hermínio Gomes Junior. Dono da empresa PLS Azevedo, uma das que prestavam serviços a uma das terceirizadas contratadas pelas fundações
Ricardo Höher - Filho de Rubem Höher
Ronaldo Etchechury Morales - Ex-presidente da Fatec
Rosana Ferst - Irmã de Lair, sócia da Rio del Sur e subcontratada pela Fatec
Rosmari Greff Ávila Silveira - Servidora da Universidade Federal de Santa Maria
Rubem Höher - Coordenador do projeto Detran junto à Fundae e Sócio da Doctus, subcontratada pela Fundae para prestara serviços à autarquia
Silvestre Selhorst - Secretário-executivo da Fatec
Ressalte-se que o processo judicial depende de avaliação do inquérito pelo Ministério Público, que decidirá se denuncia ou não os indiciados. Somente em caso de denúncia pelo MP os indiciados passarão a réus.
Do portal Vide Versus :
“Toda esta situação terá desdobramentos poderosos, inclusive, na Maçonaria do Rio Grande do Sul. A Corregedoria da instituição terá grande trabalho, porque boa parte dos presos na Operação Rodin é formada de maçons. A Polícia Federal também recebeu a informação de que a empresa Pensant, de José Fernandes e seus filhos, uma das beneficiárias com subcontratações superfaturadas causando fraude no Detran, foi contratado, por um escritório de jornalismo especializado em lobismo, para realizar serviços de marketing e planejamento para o projeto “Pacto Pelo Rio Grande”, da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, no ano passado.”
“Na Assembléia Legislativa, deputados estaduais comentam abertamente que a governadora Yeda Crusius não manda no seu governo, e não tem área de segurança, ou de informações, já que foi comunicada da Operação Rodin, pegando gente da estrutura de seu governo, somente quando a operação já estava em curso, e com altos figurões do primeiro escalão administrativo já algemado e colocado dentro das gaiolas dos camburões da Polícia Federal. Os comentários são de que o delegado federal Ademar Stocker aceitou o convite para ser sub-secretário de Segurança somente para poder encaminhar as investigações da Operação Rodin por dentro do aparelho do Estado do Rio Grande do Sul sem despertar suspeitas.”
Seria muito bom, educativo, democrático e desejável que os partidos envolvidos e o Governo do Estado começassem a se manifestar e esclarecer a opinião pública. Chega ser constrangedor o silêncio, quase um atestado de cumplicidade!
Um comentário:
Pior foi um radialista que trabalha domingo à noite na Rádio Gaúcha. Segundo o Agente65, a tal figura (não sei o nome), apoiou o STF no habeas corpus preventivo do Carlos Ubiratan, para "evitar os abusos da CPI".
Fazer perguntas que levem à verdade, é abuso para os pústulas da RBS!
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