O Prof. Homero era obcecado e visionário. Suas aulas eram um espetáculo de conhecimento tecnológico, de genialidade, de estímulo, cidadania e induzia ao estudo.
Ao final de cada aula, era cercado e continuava falando sobre o Crea, o Senge e contando sobre a implantação dos transmissores da Rádio Guaiba, as transmissões da Copa do Mundo de 1958 na Suécia, as transmissões da Campanha da legalidade nos porões do Palácio Piratini, sobre a transmissão de sinal de vídeo por cabo, a tranmissão do sinal do SPUTNIK em orbita da terra durante o correspondente Renner, e uma infinidade de outras aventuras. Isso tudo no final da década de 70.
A instalação da antena e dos transmissores da Rádio Guaiba por exemplo, foi ao contrário do que se fazia na década de 50, foi feita em um terreno alagadiço. A água duplica a potência útil do espectro de rf da antena. Várias histórias sobre suas idas, do cais central até a antena na Ilha da Pintada em meio à nablina, para testes e reparos.
Trecho da entrevista de Flávio Alcaraz Gomes ao portal de Comunicação da UNISINOS:
"Flávio- Vou lhes contar. Nós tínhamos, aqui, no Brasil, duas empresas de telefonia internacional, a Radiobrás e a Radional. E só havia cinco canais internacionais. Assim sendo, só cinco emissoras poderiam falar. E eram essas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Eu tinha amigos na Suíça, tinha estudado na Europa. Eu dei o peitaço. Fui, nas asas da Pan Air, como canta Elis Regina, e consegui um circuito extra, fora dos outro cinco. Um fato inédito. Com a ajuda de um grande engenheiro, Homero Simon, ele fez uma antena rômica. Uma espécie de losango, apontada para Berna. E a antena, sabem aonde era? Aqui, no quintal da minha casa, no Morro de Santa Tereza. Então, o Homero fez o transmissor. Eu fui para a Suíça. Foi um “troço”. Quando entrei naquele prédio...“Rádio Guaíba, chamando Berna” me deu...(emociona-se)... me deu um acesso de choro. " >UNISINOS<
Trecho da entrevista de Amir Domingues à FAMECOS-PUC-RS
"AMIR – Eu tinha participado de uma cobertura eleitoral em 1954, na rádio Gaúcha. E naquela época eu fiquei muito intrigado com o fato de que a cobertura levou muito tempo, quinze, vinte dias de cobertura . Então, quando nós fomos para Guaíba, e eu tinha um cargo e dirigia o departamento na parte radiofônica , eu montei um projeto de cobertura das eleições , junto com o Homero Simon, que era um especialista em comunicação. A idéia era a seguinte: se todas as zonas eleitorais abrem simultaneamente as apurações, porque leva tanto tempo para se chegar à informação? Bom, conclusão: a dificuldade era nos meios de comunicação, que eram precaríssimos, não é. Então expliquei para o Homero: nós temos que achar um meio de fazer essa comunicação chegar aqui. A gente monta um sistema de cobertura, e faz a comunicação chegar aqui. E ele me sugeriu, vamos ver todos os circuitos disponíveis. Pegamos um mapa do Rio Grande do Sul, localizamos as zonas eleitorais, eram setenta e poucas na época, e vamos ver o que é que tem de comunicação. Companhia telefônica, não fecha tudo, Viação Férrea do Estado, tinha um serviço de rádio, tá; não sei mais o que; Corsan, enfim, nós montamos todo o circuito. E assim mesmo ficavam vazios alguns espaços. Ainda que se utilizassem todos os circuitos, ficavam alguns vazios. Aí ele disse: nós vamos botar três aparelhos de Single Side Band fechando a rosca. E aí tinha um outro problema. Se todo mundo se comunicasse para cá, congestionaria o sistema. Então, a idéia foi a seguinte. Era um “ ovo de colombo” , batia ele ficava de pé. Vamos inverter as comunicações e centralizar em dez regiões. Então, dez, doze municípios se comunicavam, digamos, com Santa Maria. Santa Maria com Porto Alegre. E assim nas principais regiões do Estado. Então, ao invés de receber setenta e tantas comunicações, recebíamos dez. E aí nós montamos um sistema de busca, de acompanhamento paralelo, e resumindo, para não estender muito a história, em 36 horas nós tínhamos o Brizola eleito, com conhecimento da votação do interior. E eu me lembro, na época, eu era correspondente também da rádio Nacional do Rio num programa que se chamava Traço de União, falava uma vez por semana de todas as capitais brasileiras , e eu estava também cobrindo as eleições no Rio Grande do Sul. Quando eu anunciei que o Brizola estava eleito, eram 36 horas de apuração, se tanto, um pouco menos, la´ no nordeste, por exemplo, o resto do sistema Brasileiro estava dentro daquele marasmo, e Porto Alegre tinha liquidado. Chamou atenção, evidentemente, o fato." >FAMECOS<
Homero Carlos Simon foi um grande engenheiro, sindicalista, cidadão e professor!
~o0O0o~
Homenageio os professores de ensino público, que sofrem o desmonte das escolas públicas de primeiro e segundo graus, pelo Governo Yeda (PSDB) e por diversas prefeituras, em especial a de Porto Alegre , Governo Fogaça (ex-PPS, agora no PMDB).
O ensino público só não está pior, por mérito se seus professores, verdadeiros heróis de uma causa sem fim que é a educação escolar e a construção de cidadãos, na contramão desta sociedade de lógica reversa, em que o capital vem antes do indivíduo.
Cada professor destas escolas, age como um Don Quixote contra o moinho do individualismo, do neoliberalismo, da exploração econômica e do preconceito, muitas vezes, pagando com seus próprios recursos, material para seus alunos.
É inacreditável.
O ensino público só não está pior, por mérito se seus professores, verdadeiros heróis de uma causa sem fim que é a educação escolar e a construção de cidadãos, na contramão desta sociedade de lógica reversa, em que o capital vem antes do indivíduo.
Cada professor destas escolas, age como um Don Quixote contra o moinho do individualismo, do neoliberalismo, da exploração econômica e do preconceito, muitas vezes, pagando com seus próprios recursos, material para seus alunos.
É inacreditável.
~o0O0o~
Há rumores de que a Prefeitura de Porto Alegre inicia o mesmo processo executado pelo Governo de Germano Rigotto, eliminar as escolas de alunos portadores de necessidades especiais! É de rir para não chorar!
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