"O jornalista David Coimbra, do grupo RBS, saiu em defesa de seu colega de empresa, Luiz Carlos Prates, da RBS TV Santa Catarina, autor de mais uma pérola reacionária em um comentário sobre acidentes de trânsito. Para Prates, a culpa é do governo Lula (ver vídeo em post abaixo):
“Este governo espúrio permitiu que qualquer miserável tivesse um carro”
Tentando defender o indefensável, Coimbra faz um malabarismo argumentativo que oscila entre o cômico e o constrangedor: Ele escreve:
Já sabia que existe problema de interpretação de texto no Brasil, sobretudo se são colocadas no texto palavrinhas-chave do imaginário ideológico brasileiro. “Pobre” e seus sinônimos são dessas palavrinhas. O pobre é mitificado no Brasil. Vejam o vídeo, como vi. Ouçam Prates sem “pré-conceitos” ideológicos. Ele não diz que pobre não deve ter automóvel. Ele critica a OPÇÃO pelo automóvel.
É isso aí. É preciso ouvir Prates “sem pré-conceitos ideológicos”. Afinal como se sabe, o referido jornalista emite seus comentários fascistas “sem pré-conceitos ideológicos”. E o pobre é “mitificado no Brasil”. O que David Coimbra quer dizer com isso exatamente? O pobre é mitificado? Está se dando muita importância ao pobre? É isso? Os pobres estão começando a se achar? É isso? E a crítica à opção pelo automóvel? Os colunistas de opinião da RBS descobriram, finalmente, que essa não é uma opção civilizatória? Então a “ida da Ford para a Bahia” não foi tão ruim assim? E falar que o “Cais do Porto pode virar a Ford do governo Tarso” é coisa de quem tem “pré-conceito ideológico”?
David Coimbra podia aproveitar o embalo e defender outro comentário polêmico de Prates, no dia 30 de novembro de 2009, onde este defende a ditadura militar (ver vídeo abaixo). Prates negou que tenha ocorrido censura e repressão no período dos militares. Criticou o regime democrático porque desde o fim da ditadura “o Brasil andou para trás” e dedicou seu comentário a Figueiredo que “nos ensinou o caminho da verdadeira luta e da verdadeira e legítima democracia”. Segundo ele, hoje, “a imoralidade tomou conta de todos os nós”. A RBS, lembre-se, nasceu e cresceu apoiando a ditadura militar.
Está aí um desafio para o talento de Coimbra: explicar, “sem pré-conceitos ideológicos” essa preferência pela ditadura. Será que a democracia também é “mitificada” no Brasil?"
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