2 de out. de 2008

II - Por que o Rio Grande do Sul é assim


A guerra civil de 1893-95

O Rio Grande do Sul entrou na fase do conflito armado a partir de fevereiro de 1893. A guerra civil durou exatos 31 meses, até agosto de 1895. Morreram cerca de 12 mil pessoas, numa população estimada de um milhão de sul-rio-grandenses.

É considerada a mais bárbara das revoluções americanas, não só pelo número de mortos, mas pela brutalidade e extensão do conflito que incluiu a eliminação quase completa dos prisioneiros, que eram degolados (na foto, o célebre degolador Adão Latorre exibe a sua perícia macabra) impiedosamente pelo adversário, de ambos os lados. Existem relatos de que cerca de trezentos prisioneiros de determinada batalha tenham sido degolados após cessados os combates. Não existiam prisioneiros de guerra, neste sentido.

A guerra civil de 1893 resultou do conflito de dois setores bem identificados da elite político-econômica sulina.

De um lado, os federalistas (ou maragatos, ou quero-queros, ou gasparistas), de outro, os republicanos (ou chimangos, ou pica-paus, ou castilhistas).

De um lado o retórico, vaidoso e tagarela Gaspar da Silveira Martins, que segundo o insuspeito historiador oficialista Darcy Azambuja, não tinha “maiores preocupações doutrinárias” e o máximo de pensamento a que alcançou resume-se numa frase tola: “idéias não são metais que se fundem”.

De outro, Júlio de Castilhos, um convicto positivista comtiano, liderança forte e com objetivos definidos, marcado por planos universalizantes do papel do Estado e sobretudo pela busca da modernização das relações sociais, tudo isso embalado numa personalidade austera e incorruptível, uma espécie de Robespierre pampeano.

Todos sabem que venceu o grupo castilhista, representado pelo Partido Republicano Rio-grandense (PRR). Castilhos foi sucedido em 1898 por Borges de Medeiros, da mesma linhagem castilhista-comtiana, que saiu do poder somente em 1928. A revolução de 93 ainda teria recaídas em 1923 e 1924, sempre com os mesmos antagonistas de classe e os mesmos motivos sócioeconômicos e de poder.

Que rivalidades tão profundas eram essas?

É o velho e eterno embate entre o moderno e o arcaico. Curiosamente, um líder saído deste “laboratório” meridional da modernidade brasileira, Getúlio Vargas, um militante do PRR, é que vai promover a partir de 1930 um novo Brasil, mais ajustado às exigências do século 20.

No Rio Grande do Sul, no final do século 19, se gestou, então, com muita dor e sangue, o que viria a ser o País em grande parte do século 20, pelo menos – segundo alguns estudiosos – até o advento de Collor e Fernando Henrique, que cortam em definitivo as amarras sócioinstitucionais criadas e mantidas pela Era Vargas (1930-1954).

A vanguarda republicano-castilhista-borgista (chimangos) fez a parte da revolução burguesa no País. Florestan Fernandes diz que “a Revolução Burguesa [brasileira] não constitui um episódio histórico” definido singularmente, marcado e datado. O caso brasileiro, segundo Florestan, foi um longo processo de absorção de “um padrão estrutural e dinâmico de organização da economia, da sociedade e da cultura”.

Já no Rio Grande, a revolução de 1893 é o ponto – sim – inaugural da revolução burguesa e modernizadora na região mais meridional do Brasil.


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Um comentário:

Anônimo disse...

De ordem da Executiva do Conselho Municipal de Assistência Social de Porto Alegre, informamos que recebemos, na data de hoje, por volta das 14 horas, denúncia por telefone de que o 9º BPM estava, fazendo a detenção irregular de moradores de rua que são obrigados a permanecer no quartel, sem qualquer formalização de culpa por 4 ou 5 horas.
A assessoria do Conselho foi até o BPM onde verificou que 5 moradores de rua encontravam-se detidos. Tentou falar com eles mas não foi permitido, apenas conseguindo saber dos detidos que não havia qualquer acusação, simplesmente estavam sendo obrigados a permanecer no local. No momento em que a assessoria se retirava do local chegou mais uma viatura cheia de moradores de rua, não sendo possível determinar o número de detidos.
Lembramos que o Cel Mendes, Comandante Geral da BM já havia "confessado" esta irregularidade durante programa da RBS, há meses atrás, ocasião em que o Sub-Procurador Geral do MP se encontrava presente e não tomou as medidas cabíveis, incorrendo em crime de prevaricação.
Encaminhamos, sob orientação da Executiva do CMAS, denúncias ao Ministério Público Eleitoral (via e-mail, conforme contato telefônico realizado), à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa (através de telefone, com Cláudia) e Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Porto Alegre (contato telefônico com o Presidente da Comissão e através do site da Câmara – formulário eletrônico), aos órgãos de imprensa da capital e aos blogueiros independentes de Porto Alegre.

Porto Alegre, 02/10/2008;


Paulo Augusto Coelho de Souza
Assessoria do CMAS
cmas@fasc.prefpoa.com.br – F: 3226-1930