28 de fev. de 2010
Editorial cínico de Zero Hora
24 de janeiro de 2010 - zero hora - grupo rbs
EDITORIAIS
OBSESSÃO PELO CONTROLE
Os brasileiros optaram inequivocamente pela democracia e pelo exercício pleno das liberdades individuais e coletivas quando saíram às ruas para exigir eleições diretas ou quando pintaram o rosto para repudiar a corrupção. Desde que passaram a exercer livremente o direito de escolher seus representantes, os eleitores deste país vêm praticando o saudável exercício da alternância no poder – ora optando por governantes mais conservadores, ora apostando em lideranças mais ousadas. Entre acertos e erros, porém, os cidadãos deste país jamais se livraram completamente das ameaças representadas por grupos localizados nos dois extremos do espectro ideológico, que sistematicamente tentam impor à nação suas ideias antidemocráticas. É o que se percebe agora por parte de alguns integrantes da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que o chefe da nação tenha demonstrado ao longo de sua carreira política total comprometimento com as liberdades democráticas.
Mas os adeptos do totalitarismo não desistem. Obcecados pelo controle do pensamento alheio, de vez em quando eles ressuscitam projetos autoritários disfarçados de avanços sociais. Foi assim com a frustrada tentativa de criação de um Conselho Nacional de Comunicação no primeiro mandato do presidente Lula, que ganhou nova versão na Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro do ano passado. Mais recentemente, o chamado “controle social” dos meios de comunicação foi outra vez contemplado num dos capítulos do polêmico Programa Nacional de Direitos Humanos, que conjuga boas intenções e inexplicáveis aberrações. Por fim, surge agora no texto-base da Conferência Nacional de Cultura, programada para março, a mesma ladainha autoritária afirmando que “o monopólio dos meios de comunicação representa uma ameaça à democracia e aos direitos humanos”.
Sensível às queixas dos setores ameaçados pelos rompantes autoritários de seus colaboradores, o presidente Lula tem procurado atenuar sistematicamente o radicalismo de alguns de seus assessores que, ao que tudo indica, gostariam de transformar os brasileiros em títeres de suas ideias. Querem controlar os meios de comunicação, a produção artística, a investigação científica e tecnológica, as opiniões e os meios de produção. Sob o falso pretexto de combate ao monopólio da comunicação – numa afronta à inteligência dos cidadãos que podem optar livremente pela escolha dos veículos de informação e entretenimento que melhor lhes satisfazem –, esses tiranos infiltrados no comando da nação tentam impor o pensamento único ao pluralismo de ideias e visões vigente atualmente no país.
O verdadeiro monopólio – e o mais nocivo, cruel e desumano – é o uso do poder para controlar as pessoas e restringir suas liberdades.
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